Barro
História e Características
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Apesar de se saber que a olaria pedrada é em Nisa uma tradição bastante antiga e intimamente ligada à preservação da água, não há estudos concretos que nos permitam precisar a sua origem temporal e geográfica. Sabe-se, isso sim, que esta arte coexistiu e coexiste nesta região do Alto Alentejo, nomeadamente em Nisa e Estremoz (vila que dista 84 Km de Nisa e que também apresenta uma técnica decorativa de incrustação no barro, embora com características algo diferenciadas) e na região contígua da Alta Estremadura espanhola, onde ainda hoje se pratica a técnica decorativa do empedrado, nomeadamente na localidade fronteiriça de Ceclavín, aí chamada de enchinado.
E pese embora não haver hoje em dia oleiros em atividade à exceção da sede do Concelho, a Olaria de Nisa não se concentrou apenas aí, tendo-se estendido a outras localidades a ele pertencentes, e que foram em tempos grandes centros de cerâmica: Amieira do Tejo – onde predominava a construção de talhas e telhas – Montalvão – também conhecida pela manufatura de talhas – e Cacheiro – onde ainda até aos anos 80, altura em que o último oleiro aí residente, de seu nome José Lopes, se reformou, se fabricavam peças idênticas às de Nisa, embora com uma tez e decoração bastante peculiares (ver o caso peculiar do Cacheiro).
Por outro lado, e embora a olaria de Nisa tenha tido como função primordial conservar água fresca para uso doméstico – potencialidade muito útil antes da água canalizada e da eletricidade se terem generalizado nas habitações –, e também permitir o transporte do líquido para matar a sede aos viajantes e aos trabalhadores rurais, deu-se, a partir dos anos 60 do século XX, uma crescente procura de cariz mais decorativo e simbólico do que utilitário, e que se deveu em muito ao facto de Nisa ser então ponto de paragem obrigatório para quem viajava de camioneta entre Lisboa e a Beira Interior, e vice-versa.
Isto gerou uma adaptação no tipo de peças executadas, tanto no que concerne à sua morfologia, como à sua decoração. Assim, para além do tradicional vasilhame, que antes os oleiros comercializavam nas várias localidades do concelho de Nisa e nas dos concelhos vizinhos de Portalegre, Abrantes, Vila Velha de Ródão, Castelo Branco, Covilhã, etc. – especialmente nas estações ferroviárias da Linha da Beira Baixa – começou-se, a partir de então, a fabricar artefactos decorativos diversos, como pratos, travessas, miniaturas, cinzeiros, pequenas réplicas de animais, etc., ao mesmo tempo que as peças de morfologia mais tradicional se tornavam revestidas de uma decoração pedrada distinta, levada a cabo com pedra de menor calibre (chamada de 1ª e de 2ª) e em apenas uma linha ou ida, como dizem os populares. A esta decoração, a mais comum nos nossos dias, dá-se o nome de Decoração de Tipo Moderno.