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Barro
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A fazer jus à arreigada tradição oleira do Alentejo, certamente a região do país onde esta arte mais floresceu, muito devido à formação argilosa das suas terras, que assim forneciam a matéria-prima necessária ao seu labor, a olaria é sem dúvida um ex-líbris do artesanato nisense. Tal como noutras terras alentejanas, ainda há duas ou três décadas, por todo o lado se viam as oficinas, muitas das vezes caseiras, com as suas rodas de pé, tanques de masseira e fornos alimentados a madeira de azinho, denunciadas pelos terreiros ou escaparates onde secava louça. Mas apesar de hoje em dia já não ser assim, – em Nisa existem atualmente três olarias – a tradição ainda não morreu, muito provavelmente devido à real especificidade das peças que aqui se fabricam.
A sua principal característica diferenciadora é sem dúvida alguma a técnica decorativa do empedrado, na qual se usam pequenos fragmentos de quartzo branco, que rasgam o barro em sulcos bem delineados, dando azo a belos motivos decorativos, cuidadosamente planeados e essencialmente ligados à flora e fauna regionais. É principalmente esta arte decorativa, tarefa tradicionalmente levada a cabo por hábeis e experientes mãos femininas (mãos essas já impregnadas de toda uma delicadeza proveniente do fino labor dos bordados) que torna estas peças, simples na sua essência, verdadeiras obras de arte, revestidas de enorme beleza e valor artístico.