Bordado
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“As rendeiras estão sentadas em tripeças, junto das portas, vestidas com trajes característicos - saias escuras com barras claras, roupinhas de pano, lenço traçado sobre o peito, e mantinha curta na cabeça ou o clássico chapéu nisense; adornam-se com gargantilhas e fios de ouro, onde predominam os antigos hábitos de Cristo, de ouro esmaltado. Algumas delas, com rebolo (almofada) sobre o joelhos, vão fazendo as rendas de colchete, das mais complicadas, rendas de rebolo (bilros), ou fazendo renda de agulha, que servem, as mais das vezes, para colchas, que levam anos a compor e que gerações guardam nos arcazes, servindo somente nos dias festivos de bodas ou batizados. A indústria das rendas de Nisa, restringida ao uso local, nota certo desenvolvimento no labor das rendeiras, pela exportação de muitos e belos exemplares.” In Bordados e rendas de Portugal, Coleção Educativa – Série N – nº 10
De tradição muito antiga, sendo embora a sua origem impossível de datar com rigor, os bordados de Nisa chegam até nós devido a um arreigado tradicionalismo das gentes locais, com principal ênfase no respeito pelos costumes do casamento: a cama da noiva, a que se dava o nome de cama grave, era normalmente adornada com colchas, cobertores, lençóis e toalhas de rosto, a maior parte das vezes produzidas pela própria, e que faziam o seu orgulho, as delícias dos visitantes, e a inveja ingénua das moças casadoiras.
Mas se até meados do século XX, era em casa das Mestras (na sua maioria mulheres idosas e exímias bordadeiras, que ensinavam a arte enquanto davam vazão às encomendas) que as meninas aprendiam este labor, logo após a saída da escola, a mudança de hábitos de vida, com o aumento da escolaridade obrigatória e a possibilidade de continuar os estudos, retirou-lhes tempo para a confeção do enxoval e para a longa e laboriosa aprendizagem envolvida nesse processo secular.